CIÊNCIA E ABUNDANTE POESIA
ANDARILHA
DOS SONHOS
-
ciência e história rimam em poesia
palpável pelas mãos do coração -
"
Ressignificar a ciência é como abrir portas para a compreensão do mundo e sua
preservação consciente. Museus não são arquivos do passado... podem ser luz
para um futuro saudável." Ivane
Um diálogo de
muitas vozes corre vivo pelo patrimônio
do MCM/UFMG em Belo Horizonte. À frente de um trabalho visionário e belamente
efetivado pelo esforço de uma acadêmica sonhadora, a capacidade de tornar viva
as esferas das ciências biológicas rima sem medo com a pedagogia da
consciência. A esperança no conhecimento partilhado fez da professora Maria das Graças Ribeiro uma andarilha dos sonhos concretos. A esperança
obstinada em fazer chegar à comunidade a compreensão do corpo humano ganha
cores, tamanhos, proporções de grandeza ímpar: a magia do fazimento em equipe é prosa tão doce que convida à visita
orientada. Parceiros de sonhos recorrentes apresentam "A célula ao alcance da mão" e
entregam de mão beijada o coração do
projeto: acessibilidade e inclusão
social. Aos peregrinos do conhecimento desenha-se diante dos olhos que não veem os traços definidos microscopicamente
de tecidos, órgãos e sistemas orgânicos
que nos asseguram a vida em suas artimanhas nem sempre dedutíveis.
Mãos musicais
trabalham resinas e gessos recriando emoções e sentimentos a médio e curto
prazo. O museu ressalta a vida, desenha caminhos de compreensão e conhecimento
transdisciplinar sem perder a poesia da graça, de Maria das Graças, a professora da comunhão entre academia e
comunidade, da ciência e da curiosidade, do conceito público do fazer alinhado às esferas do tempo
presente: se há um futuro a ser escrito,
há também um passado inscrito no presente que deve ser pesquisado em sua completa
real/idade/.
A professora
de muitos sonhos entregou-se à luta pela saúde, pelo desdobramento das
pesquisas, pela acessibilidade das descobertas e pelo garimpo da beleza vital:
ao conhecedor de suas próprias estruturas, o dever de mantê-las em estado de
sóbria vitalidade. Assumir a responsabilidade pela própria vida depende do saber orientado e era assim que a grande catedrática dialogava. Maria das Graças conhecia o fluxo
ininterrupto da vida que bebe do Caduceu de Mercúrio e a ele retorna em
contínuo devir, incompleto e pleno vir a ser no fluxo das estruturas
biológicas.
Os corredores
do MCF da Universidade Federal em Belo Horizonte transcendem aconchego. Reais e
fidedignas peças amalgamam educação e
ciência aos pés da pedagogia ativa, autossustentada, capacitada para o rapport direto e imediato - relatórios
da vida são premissas para um olhar atravessado pelas possibilidades de cuidado
consciente, uma forma de manter a poesia no coração da ciência.
À professora, andarilha
dos sonhos, o abraço eterno das estrelas luminosas, lugar de seu endereço atual.
Pela graça de Maria Ribeiro, a das Graças e das ações concretas, vale
visitar o Museu de Ciências Morfológicas do Instituto de Ciências Biológicas,
Campus Universitário da Pampulha, UFMG, considerando sentir nas mãos a poesia
mágica que dá sentido ao trabalho dos grandes mestres.
À mulher que
permanece sendo, a gratidão por amar o conhecimento e oferecê-lo a todos nós.
Para Maria das Graças Ribeiro, bióloga das
possibilidades: um alegre réquiem à
competência poética.
Ivane Laurete Perotti