AOS PROFESSORES... GENTES QUE "AMAM GENTES E AMAM O MUNDO"
CONSELHO
DE INCLUSÃO - PARTE I
- a diversidade no lucro: estratégia ou evolução? -
"Eu sou um intelectual que não tem medo de
ser amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo. E é porque amo as pessoas e
amo o mundo, que eu brigo para que a justiça social se implante antes da
caridade." (o
grifo é meu) Paulo Freire
Já não se derramam lágrimas inocentes embaixo
do sol. O inocente não chora: clama!
Aos pés das montanhas que nos separam em
cativeiros tipológicos existem abismos intransponíveis: apenas as ideias
deitadas fora dos interesses individuais poderiam saltá-los. Não saltam:
fenecem dentro do ninho onde jamais brotarão. Elas, as ideias, exigem ser
ventiladas pelo sopro de sentimentos que perderam a sua natureza natural: condição? Consequência da morte prematura da
esperança, da justiça, da singularidade aceita e recomendada. Inexistem engenharias para a construção de pontes
sobre os abismos humanos. Vinga aqui e agora a repetição das histórias
passadas: alimenta-se o poder de
concentração onde mais se concentram os interessados. Natural! Não! apenas
estratégico e previsível o processo que nos iguala em pelo menos uma categoria:
a vontade do próprio umbigo! O nosso
umbigo, desde sempre e para sempre! Ai de quem levantar a cabeça da própria
pança para enxergar o outro, que não
é outro, ao longo do caminho. Ai de
quem emitir simpatia - não é o mesmo que simpatia,
homônima da primeira, e que junta um arrazoado de conhecimentos mágicos para
ser efetivada. Ou não! - em terra estranha. Ai...
Na manhã que sobe a montanha da
indiferença, nenhum olhar acorda cedo. Nenhuma boca chora o amargo da boca
alheia. Bocas se abrem e fecham sozinhas, esturricadas, sedentas de pouco,
muito pouco, tão pouco que migalhas pareceriam cordilheiras na comparação por
quantidade. Mas, as bocas não choram e morrem apenas pela falta. Elas morrem
pela qualidade inexistente. Elas morrem pela indiferença. Morrem sem o plasma
da alma que, esturricada e desvalida, agoniza sem nome nas páginas da vida. O alimento ideal está fora do alcance das
mãos que pedem respeito, igualdade, expressão e, quem sabe, se sobrar interesse
e dedicação, um pouco de humanidade.
Há comida na corrente ideológica -
independente da sua concepção de verdade - de um povo e há mesas postas para
alguns: o discurso é servido em prato quente, a sobremesa vem em banho-maria e
o antepasto... ah! O antepasto é feito de véspera, preparado por mãos hábeis e
talentosas, marinado em muito
traquejo, eloquência e persuasão. A dever o chef,
ficam as lagartas das folhas verdes que também se locupletam e mantêm a cadeia
alimentar em franca ascensão.
O alimento da
desigualdade está na indiferença que é plantada a baixo custo. O adubo da indiferença
é a aridez criada na motivação pessoal e intransigente: eu, de mim para mim, entre eu mesmo e mais eu próprio. A logística
social da desumanização já carregou vários nomes, mas o bojo da receita
política é sempre a mesma: GRAÇAS A DEUS ISSO NÃO ACONTECEU COMIGO! O outro - motivo das indiferenças, das carências, das injustiças, dos preconceitos - está
suficientemente longe para não despertar o naco
de consciência social que caberia a cada um. Caberia, pois sem as ideias que
despertam gigantes em anões, o circo da sociedade democrática não desce a lona:
o espetáculo modifica o discurso, cria palavras e mantém tudo, exatamente tudo
no lugar de interesse. Assim se faz a fábula virar folhetim: repete-se, repete-se,
repete-se até se tornar a verdade de alguém, de alguns, de muitos.
Amar as gentes, o mundo tal qual dizia
Paulo Freire, é o resultado de uma operação matemática que acontece de dentro
para fora: só se dá o que se recebe, só se tem o que se dá, e a prova do
resultado está na qualidade de vida de uma nação. Prove-se!
Enquanto a
inclusão não for uma realidade, há quem lucre em torná-la uma opção.
PELO
ATO DE ASSUMIR A EDUCAÇÃO!
Ivane
Laurete Perotti