AUTOESTIMA...
GATILHOS
CORROMPIDOS: RIMAS EXAUSTAS
NUNCA ANTES A AUTOESTIMA
ESTEVE TÃO OUT
“Sob o alpendre
o espelho copia
somente a lua...”
Jorge Luís Borges
Faces
plásticas endurecem a rua pontilhada por cabeças ausentes: descrentes! Quando
foi que tudo deu errado? Carcomidas
expressões escondem-se em mangas compridas: puídas! Um ás sem copas abriga-se
por entre as árvores despeladas na urdidura que ladeia o cortejo descendente:
olhos brancos, mãos em riste. Passos vazios atroam no picadeiro das pedras
frias. É dia! Outro dia de infinita
busca pela calculada euforia. Pecado mortal sentir o vão aberto entre os mundos: moribundos! Viva a
hipocrisia! Quando foi?
Sonhar
o sonho não tinha idade: agora carece de juventude, habeas corpus da alegria. Quem diria?
Cansados do
prelo, acorrentam-se os desejos de ser
e ter na orla gasta do destino: vaga
e impúbere filosofia. A obscura vontade molhada nas pregas da vida recolhe o
manto: espanto! Foi-se o tempo da novidade, a alma do homem sobrevoa rasante a
consciência falida: desmedida! Nem o pão nem o vinho: um sopro da reversa
ortodoxia.
Frouxas alavancas da sobrevivência motivam o
drible rimado na curva da imitação: o que cabe a um cabe a outros. Eu e eus recheiam o singular compasso: coletiva
homogeneização. Autoestima, estima alta... palavras órfãs apelam para o
discurso estético, nada poético, funesto gesto de preservação. Doloridas dobras
sobram às margens do meio, três centeios, rede de peixes, inválido dom da
multiplicação. Valham-se as consoantes sem dentes, os dedos pendentes em comiserada
oposição: milagre! O homem moderno reage intacto à rude intervenção: silicone,
fantasia, gravata e terno, salto alto, cirurgias de opinião.
Intrigante a intimidade que empoa a poesia nua;
o costume motiva o mito: sem grito! Frágil linha que aperta o nó da corda por
onde, debalde, deslizam os versos em camadas de tinta: cicatrizes da vida
adulta, make-up do cotidiano. Milagres
da civilização.
Gostar de
si mesmo... gostar de si mesmo... gostar de si mesmo... onde estava eu? Ilusão
sóbria: muitos sabem quem são. Com o gostar vem o costume, o medo, a
compreensão, o tédio, a criativa elevação. Mais ou menos como a lua que, ao
fazer reverência à rosa posta no alpendre, encontra um jeito para refletir sua
devoção: as rimas exaustas cumprem de longe, muito de longe, com o propósito da
acomodação. Ironia? Talvez, destino de quem pensa e pensa que não encontra
razão.
“Qualquer destino, por mais longo e complicado
que
seja, vale apenas por um único
momento: aquele em
que o
homem compreende de uma vez por todas
quem é.”
Jorge Luís Borges
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