VERDUGOS DA FILOSOFIA
VERDUGOS
DA FILOSOFIA-CORRUPTA IDEOLOGIA
- vãs repetições em vãos de
pretensa sabedoria –
“ Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores!”
Luís Fernando Veríssimo
Quando um sábio abre a boca, o inferno se enche de
fantasia. A primeira delas reflete o sábio exaltando a si mesmo em pleno gozo
de comensais dizeres deglutidos em pratos rasos de baixo porcelanato: bocas
pouco profundas. A segunda, mais centrada na repetição daquilo que parece real
aos olhos que procuram por heresias, refrata as propriedades básicas de um
grande sábio: aquele a que se pertencem todas as bocas. E, talvez, uma terceira
tentativa de recriar a alegria fetichosa seja
a promissora faculdade de fecundar a repetição. Ah! Ato de singular prodígio e
ironia elegante que em momento algum singulariza a medida na qual a pluralização
toma para si a verve da sabedoria
acachapada. Palavras recém-saídas de bocas abertas embolam-se nas teias dos
discursos que alimentarão ad aeternum
a sede dos que caminham arrastando atrás de si, ao lado de si, acima de si e
dos outros uma carga nefasta e improdutiva de “por quês”.
Por que, meu Deus,
testo em VÓS a responsabilidade que é deles? Quem são eles? Criastes as bocas, mas não a provisão infindável das
pestilências infames. Ou, elas, as pestilências verbais fazem parte de um jogo
que não se aprende a jogar aqui, por este fugaz plano telúrico?
Nem ouso tentar melindrar o
campo semântico da ignóbil palavra MENTIRA. Pois, mentiras não são mentiras,
são verdades usadas a contento de cada boca que se abre para impor ao verbo a
ação nefasta de sua inexpressividade. Donos
da verdade inaudita imputam-lhe a pena e a força do criativo arbítrio.
Livre arbítrio? A divina criação não se teria inspirado na democracia? Ai! Foi
a democracia que instalou a ... chega! São tantos anzóis pelas bocas abertas
que fecho a minha antes que algum peixe veja a isca que ainda não joguei.
Tímida tentativa de fazer silêncio no vão triste que sobra aos que abrem a boca
antes de fechá-la. Destes, o mundo está cheiamente
transbordante: pobres bocas vazias. Cabe-lhes negar os outros sentidos que
lhe sobem em bagas pesadas pelo caminho da sobrevivência. Seriam distintas as bocas que ocupam os cargos
legitimados pelas outras tantas bocas abertas de par em par? Amo filosofia.
Odeio filosofar. A boca arde diante do que ouve como irrefutável fantasia no
picadeiro lúgubre e corrupto do infernal circo da impunidade.
Não gosto mais das
palavras. Que todas as vãs se vão e fiquemos apenas com o silêncio
constituidor dos discursos talhados em pedra quente.
Estou sentindo chegar
o cansaço pela abertura da boca seca de lisura, de moral, de gentileza, de
justiça. Cansei e não me avisaram a tempo de despolitizar os espaços do ócio
que já vem tarde.
Embrulham-me o estômago da
alma as visões e as palavras. Não batem, não fecham, mas repetem-se como o
martelo do ferreiro que ainda teima em usar o malho diante do ferro sem
orelhas. Não! Errei: é o malho que não possui unhas e nem orelhas, é um marrão dolente que sobe e desce na fantasia
bem comandada lá das profundezas onde a verdade foi enterrada para não ver a
vitória da injustiça e da corrupção.
“ Do
bem e do mal
Todos têm seu encanto: os santos e os
corruptos.
Não há coisa na vida
inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já vistes as flores que a mentira dá?”
Mário Quintana
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