A ÉTICA DAS GARÇAS...
A
PRÁTICA DA FELICIDADE : A FELICIDADE PRÁTICA
-
em águas rasas afoga-se a ética e as garças criam barbatanas -
"Houve um momento
de estupor: o homem nadou de costas..."
Ivane
Quando a
praia secou-se em lágrimas de sal, alguns peixes pediram água; outros, pediram
boias e, ainda outros, afogaram-se na areia quente.
Pedidos áqueos
costumam alcançar alta ressonância: reverberam em ondas de filtrada urgência;
mas, os "peixes" desta cena jaculatória
- em latim ambíguo e propositalmente movediço, que não se faça a combinação
semântica com /e/-jaculatória, uma
vez que esta nos faz navegar ao desamparo pelas condições genéticas de
possibilidades ejaculatórias, pelos recipientes ejaculatórios e pelas pessoais incapacidades de examinarmo-nos "potentes"
- cambiaram limites de fervorosas solicitações e êxtase místico. Vozes, vezes e
intenções interpelaram possíveis acessos à estabilização da felicidade : entre aqueles
que acreditaram precisar de água, secou-se a boca; entre os que solicitaram
boias, justificou-se a inaptidão ao nado; entre os que se afogaram, claro!, nada se fazia ouvir! Fenecidos, sucumbidos súplices faziam-se morrer pela vontade infértil de viver... sem
estilo, descumpriam o antiético desejo de superar o lapso entre a felicidade e
a felicidade!
Requerentes
pragmáticos, os peixes sedentos tornam a
vida um soluço obscuro enquanto as
garças de barbatanas crescidas aprendem a usar o bico para atravessar as bolhas de
sabão - neutro!. Com graça, elas, sempre elas
- súcubos da agilidade humana ( succubus alimentam-se
do que se lhes ofereça em prato de
prata nobre... ou não! vale a deixa para
quem gosta de sonhar ,sonhar, sonhar e permanecer no mundo onírico da
fantástica fábrica de tradições culturais, fundamento basilar na criação dos
medos e dos mitos.) - fazem troça dos pedidos que vão e vêm. Justificam-se?
Não! Não se justificam: desenvolvem barbatanas!
A que altura do mar aberto a felicidade mergulhou
à cata de outras praias? As garças não contam, a ética não garante e o ser humano debrua as costas em contínuo - e
ininterrupto - processo de estupor
funcional! Pudessem os peixes e os homens
viverem de surpresa em surpresa sem o susto e o culto ao medo oculto- oculto
culto, inculto pânico que não surpreende, apenas adoece.
Não se admira que as
boias não cheguem a tempo, que não se perceba a oração beijar o calor da areia,
pois sentir e saber conjugam-se em espaços e modos diferenciados pela água que
costeia a consciência. E esta, a água, carrega NaCl em soluções que se
desdobram em fórmulas /in/descritíveis : light
é o mar de perspectivas que a vida
oferece em cenas de jaculatórias constantes! Haja areia!
Ivane Laurete Perotti