NA DEMÃO DO PÔQUER
NÃO
HÁ GRAÇA NA DESIGUALDADE
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a sorte deu mão a cartas de antigo pôquer -
"Os que vencem, não importa como vençam,
nunca conquistam a vergonha." Maquiavel
Por
debaixo da mesa coberta com pano verde enrola-se o cachimbo das governanças.
Mãos e pés atados ao jogo confabulam sortilégios de prevaricação em estado de
intrigante lealdade: mãos postas, cartas abertas. Apostas altas. Cabeças de
pino estipulam um sem número de intervalos para o deleite dos crimes em
suspenso. Do outro lado da porta selada e bem longe da mesa armada, a massa de
desvalidos converge para um ponto cego: discursos atravessados alimentam vozes
e gentes , uns vêm, outros vão e a maioria sequer se move para descobrir onde
está.
Não há graça na desigualdade. Não há destino
nas cartadas da vida. A sorte independe
de quem joga, mas atrela-se ao como o
jogador "arma" o jogo e, então, por sorte há de se entender a estratégia da guerra em nome do poder das
"mãos" , contrária ao sentido de destino, fado, fim. Fim?
O Brasil
exala o fétido odor da miséria moral servido à mesa dos corruptos, por eles e
para eles - /eles/, sujeito simples e expresso no plano superficial da frase
tal qual no plano profundo da história brasileira. Gramática de Casos? Não!
Gramática Natural: "Governar é fazer
acreditar." (Maquiavel) E, /...por eles.../, não é
sujeito nem aqui, nem na China. Retórica e sintaxe quando juntam os dedos,
quebram a língua.
A mesa
coberta com o pano verde balança, pende, inclina, verga... e não tomba:
muitas são as mãos a mantê-la na base das falcatruas, justificada lealdade entre os que jogam
isentos de vergonha:" A primeira
impressão que se tem de um governante e da sua inteligência é dada pelos homens
que o cercam." (Nicolau Maquiavel)
Não há graça
na desigualdade. "Quero ir para o inferno,
não para o céu. No inferno, gozarei da companhia de papas, reis e príncipes. No
céu, só terei por companhia mendigos, monges, eremitas e apóstolos." (Maquiavel)
A sorte lançou-se em cartas marcadas. Quem
passa?
Passou
Mariana e o atoleiro da justiça divide os que sobraram no viés do esquecimento.
Passou em branco o projeto da educação, da saúde, da seguridade social, da...
ah! mãos silenciosas roubam da boca do povo o verbo, o alimento, a escolha, a
formação, o cuidado, a segurança e, fica o dito pelo não dito.
Pelas barbas
dos profetas! Estamos no olho do inferno e os "príncipes escolhidos a voto
curto" crucificam-se em latas de caviar russo. Precisava ser russo? Claro!
O que se serve à mesa da ganância? O melhor! Sempre o melhor para a grotesca fome
dos gananciosos.
E, se a partir da delação sobrevier outro
prêmio? De nomes estamos cheios, ações nos fazem falta. Porém, como disse o mal
interpretado pensador da antiga República Florentina ..."Uma mudança sempre deixa o caminho aberto para outras." (
Nicolau Maquiavel): aquele que "viu" o Estado tal como era e não como
deveria ser. Que seja! Para ontem, por favor!
Ivane Laurete Perotti