Instrumentador de risco: o professor diante do espelho


          Instrumentador de risco: o professor diante do espelho

                             Um réquiem aos educadores por vocação e competência                                   


      "Me movo como educador, porque
                    primeiro, me movo como gente.                .
(Paulo Freire)
                                           
                                         Apesar da metáfora óbvia, tenho a triste sensação de que estamos todos sob uma "mesa de cirurgia", necessitando desesperadamente de uma incisão na moral, nos valores e na formação cidadã. Instrumentar essa "cirurgia" é um risco, pois a escola não é e nunca foi um hospital, e menos ainda, o lugar sagrado de uma mesa de cirurgia.
                                         O que é a escola? Um substrato do ESTADO! Pois... talvez! Até onde as notícias permitem a conceituação, é comprovadamente uma instituição em estado de potência. Esse é um pensamento otimista. Ouço vozes que me dizem estar atrasada na avaliação.
                                         Então assumo algumas leituras: a escola é um GRANDE LABORATÓRIO. Uma instituição INFORMATIVA e FORMATIVA que perdeu as "pernas" diante do compasso frenético de nossas intenções contemporâneas. Ou apenas segue a banda conforme a música é orquestrada. Ou ainda, é o "depositório" de nossas falácias humanas. Ou, talvez, o limbo político, o espaço de nossas esperanças não projetadas.
                                       
                                                                            "Se a educação sozinha não pode transformar a
          sociedade, tampouco sem ela a sociedade muda."
(Paulo Freire)                                                           
                                         Quem é o professor atual?
                                         Como o professor ESTÁ no mundo e qual a imagem que "ele" tem acerca de si mesmo?                              
                                        Pensar o professor a partir de seus “lugares” (observe-se o plural empregado por medida de segurança) e conferir à palavra o poder de representá-lo pode ser o primeiro de muitos recortes perigosos. Uma vez que, ver o mundo e se ver no mundo passa pela palavra, dar sentidos ou não dar sentidos aos acontecimentos, às “coisas” tem a ver com as palavras.
                                        Com um olhar dialético sobre a compreensão do homem e suas relações sociais, a identidade pode ser entendida como constituição do sujeito, enquanto processualmente incompleto, inacabado, em estado de “fazimento”. Nesta perspectiva, a subjetividade pode ser pensada como uma dimensão do sujeito, tanto quanto a objetividade que, a partir das relações "experienciadas" torna-se espaço para a manifestação de sentidos. Então, como apontar o espelho para a escola e para o professor? Como pensar os fatos que indicam os "novos" perigosos caminhos que se refletem em uma imagem atualizada?
                                     A escola é um espaço de risco, como todo e qualquer laboratório pode ser. Mas depende de quem ou do quê a instalação de um projeto de segurança do trabalho? É claro que todas essas construções são uma tentativa retórica de não dizer, já que ao professor cabe ser tão profissional como outro qualquer e assim, acidentes podem acontecer. Claro!
                                     A escola atual têm professores que "apanham", professores que "batem", professores que "atacam", professores que "são atacados", professores que descumprem seu juramento de "educadores" e alunos que jamais saberão qual é o lugar de quem. Papéis invertidos e valores destituídos. A escola atual tem professores que amam:

                                                                            "Eu sou um intelectual que não tem medo de ser
                                                         amoroso, eu amo as gentes e amo o mundo."
                                                                                   (Paulo Freire)
                                      O professor diante do espelho é uma imagem distorcida que reflete a insensatez de nossa modernidade. Tudo está em constante devir. E esse "devir" movimenta-se com a velocidade que nos caracteriza e massacra.
                                      Um réquiem aos professores que sobrevivem da esperança e aos alunos que ainda vislumbram um professor. Lugares sociais podem ser máscaras de poder, mas quando bem ocupados fazem a diferença no mundo que se constrói.
                                       Às questões que perambulam em nossa consciência, uma bênção: que sejam iluminadas para fora dos lugares que acomodam interesses mesquinhos de se chegar primeiro a lugar nenhum. Sucesso é uma escolha fundada na moralidade e não nas instâncias galgadas na "escola" que passa longe da vida.
                                                                                   "Educar é impregnar de sentido o que
                                                                                     fazemos a cada instante!"
                                                                                              (Paulo Freire)

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