REVISITANDO UM DISCURSO... A PEDIDO!
DE MERITIS E DA VONTADE DE CADA UM: EMPENHO?
“Convencido eu mesmo, não procuro
convencer os demais.”
Edgar Allan Poe
Desvelam-se as folhas caídas na
redolente noite de outono. Em tépido dourado, despedem-se das árvores decíduas
e forram o caminho iluminado pela lua em quarto minguante. Farfalham segredos aos pés daqueles que andam
com a alma em dobra de canoeiro.
Os homens sonham! Descalços de
veleidades vestem a vontade do coração indômito. Sobre os ombros vergados pairam asas de poder
e diligência. Eis, então, que se abrem as comportas do fazer por escolha e as
mãos firmes mergulham na paixão ideológica empreitada. Tintos pelas cores da
excelência, fazem bem, fazem-no superando as dificuldades.
Os homens operam milagres! Foi-se o tempo
no qual a delonga marcava os versos da poesia em desabrigo. O ser humano tem
sede de significados. Instala valores e funda princípios longe do terreno da
obrigatoriedade.
Eles fazem! Os homens justos
recolhem a história, maceram-na em suor e boa vontade. Escolhas ímpares na tutela do destino
contrafeito: aceitam as folhas, festejam a lua espraiada. Parcelas embebidas no
esforço humano despregam-se vagarosamente, e uma vez livres, inundam sem medo o
coração ao lado.
Exemplum virtutis! À força do exemplo são impelidos os
que esperam ou temem. Os sentidos
brotam das mãos calejadas pela faina e varzeiam outras mãos. Mãos atentas e
férteis deleitam-se confiantes ante as sementes jogadas ao solo úmido.
Mãos abertas semeiam o mundo! Assim sonham os homens justos! Desprovidos de
loas, descortinam os passos da própria consciência: constroem sobre bases
sólidas, engendram projetos, metrificam a esperança contida. Não sobra vez à vaidade infecunda. Sem fímbrias para louros, no silêncio dos
olhos, palmas perfuram o brilho que suspende as lágrimas dos homens
benemerentes.
Vitoriosos, eles choram! Pelos
caminhos tantas vezes nus, as folhas douradas empertigam-se para festejá-los. E
sobre as fraldas das razões do mérito, movem-se eles: recusam-se a permanecer
escondidos nas cavernas da timidez ou nas ruelas das incertezas.
Eclodem! Límpidos! Grandes e
pequenos, homens e mulheres que sonham e fazem pelo poder que lhes confere a fé
no bem comum. Fazem! Simplesmente fazem!
Empunham brasões de fidalga
maestria e rompem o cerco das tarefas coroadas pelo aguardo da lisonja
passageira ou da obrigação camuflada em dever.
Por entre as folhas secas, a
axiologia pergunta sobre a natureza do mérito e...
Eis que o homem universal responde:
_ O que está bem feito, bem
está. A glória que me cabe é o sabor da
obra feita. Faço-a com os olhos altos e o coração inteiro. Cabe-me, tão
somente, o contentamento em vê-la pronta!
À história que faz do homem o teto
da consciência livre: o mérito da gratidão!
"A
beleza deslumbra a vista, mas o mérito conquista a alma. "
Alexander Pope
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