SEGREDO DO SUCESSO
HÁ
DE SE ESTABELECER PRIORIDADES SEMPRE: SEGREDO DO SUCESSO
“... diz isso
para quem está se afogando!”
(autor: um quase afogado...)
Envoltos pelo odor
amadeirado de uma garrafa de Malbec cuidadosamente
aberta e bem servida, sobre irretocável guarnição de mesa, alguém recita o
título desta coluna como se encarnasse o Espírito
da Verdade: prioridades! Farpas de luminosa diversidade atravessam o tambor
de mármore; olhares oblongos, oblíquos, enviesados estreitam o caminho entre os
pensamentos achados e os perdidos pensamentos que se entrecruzam na távola das
metodologias e funcionalidades. Prioridades são caminhos fosforescentes acenados
como indicativos da trilha do sucesso ou da simples palpabilidade. De fato!
Talvez! Parece lógico e prático priorizar
metas e dar conta de executá-las: estabelecer focus. Parte do discurso recorrentemente difundido entre aqueles
que assinam o próprio sucesso e planejam o sucesso alheio desbancando as
estatísticas encurvadas das proposições reais e contundentes esfregadas nos narizes
menos sensíveis e críveis: réquiem
aos sem sucesso!
Com um grande gole do
vinho argentino descendo pela minha garganta, pensei em peculiares e ímpares
cenas de afogamento (valem aqui todas as metáforas fora do campo líquido das
águas das chuvas, das águas represadas, das águas de qualquer sítio geográfico)
diante de um manual também liquefeito:
estabeleça as prioridades. Certo: eu, particularmente, tentaria respirar, e
respirar de novo e outra vez respirar. Mas, para vingar sucesso na empreitada,
teria de estar com pelo menos a boca ou o nariz para fora da massa líquida.
Então, outra prioridade seria manter as fossas nasais secas e as mucosas bucais
bem fechadas. Ainda, no manual das prioridades haveria uma linha em vermelho
indicando a pressuposta necessidade de sustentar
a calma, usar o raciocínio (qual?) e lembrar-se de todas as cenas vistas em
treinos, filmes ou jornais televisivos (estes, atuais e corriqueiros, e nos
quais poucas notícias terminam em salvamento da vítima sob afogamento próprio.
Não cabe o trocadilho do afogamento
impróprio, mas este é o mundo das metáforas oníricas, assim, salve-se quem
deixar de ler!). Melhor ainda se souber nadar, estiver em perfeito
condicionamento físico e sem qualquer lesão imobilizadora. E, mesmo que não
conste por escrito no tal improvável manual, vale rezar para todos os santos e
debitar mais algumas velas nas já postas em fila para serem acesas após o
agravo. Também interessa o instinto de sobrevivência, mas este... este é um
caso particularmente omisso: nem sempre funciona!
Terminou a primeira
garrafa de vinho, vem a segunda e meu amigo permanece no tema das prioridades não estabelecidas enquanto
razão de todos os males que, de longe, muito de longe, são inegavelmente passíveis
de metologização e solução eficaz! Certo! Ele é um grande conhecedor do
assunto, mas os goles que atravessaram a minha garganta resolveram formar uma
bolha de compressão: mergulho na taça recém-servida e aqueço a ignorância
sensível de quem pensa que nem todos os manuais apagam a pena das iniciativas
estabanadas.
“Para ter sucesso neste mundo não basta ser
estúpido, é
preciso
também ter boas maneiras.”
Voltaire
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