REDES TRAMADAS EM DOR

 DO CAOS AO CAOS

  - nem a esperança inibe o naufrágio da ética brasileira -

  " O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser    um   realista  esperançoso."
  Ariano Suassuna

                                            Lançou-se ampla  rede na vertente da esperança. Tramada em fios de humana moralidade, retornou vazia às mãos do pescador de ilusões. Nem o Rappa, nem a raspa: peixes graúdos "nadam" e  "final feliz" é locução adormecida aos pés da impunidade promulgada no silêncio da dermo-caca brasiliense.
                                    Mariolas correntes ideológicas deslocam-se abundantes  na líquida  inércia da rotação  nacional. Meio , dois nós, vários nós tingem as malhas da tarrafa constituída em artefato de ideação. As correntes de maré-para-si,  com velocidade e temperaturas irregulares, seguem o fluxo dos ventos, o gosto da lua, a esperteza das lombrigas. De caráter alternativo tornam  nulo o efeito da lei e da justiça: ah!gananciosos animais vertebrados, subestimam a isca? Antes chafurdassem nos "pequenos rios dentro dos oceanos" e retornassem, biltres, ao ventre das safadezas.
                                    À rede, prende-se uma "viscosidade turbulenta"...
                                        Ao pescador, agarra-se a "morte anunciada" pelos ditames da burlesca politicagem: dai ao povo o que é do povo e aos que o representam, dá-se  o todo e o resto, amém!
                                       Na vertente estagnada, o manancial da esperança não acode nem se locomove: nutre-se! Bem ao modo da fermentação biológica, cresce ou definha em ambiente adequado: the natural enviroment, business enviroment - sem tradução satisfatória. Vão-se mãos e anéis, dedos e carretéis enroscados nas falcatruas que fazem desta nação, um oásis da miséria especulada.
                                    De maré em maré, as correntes puxam para si o gosto pela lesão ao próximo, tão próximo que o próximo pode ser você, eu... se é que já não tarda a flexão do verbo irregular - mania de perseguição!
                                    Na tábua das metáforas, a rede voltou vazia, o circo pegou fogo, a fonte transbordou: que fonte? O rio secou, a várzea encolheu, os peixes morreram pela boca: que peixes? A tamanca serviu ao rei, o trono ficou sem dono: qual dono? São tantos os propri-&-tários desta terra banhada em descaso e corrupção, que mais um, menos um, somos todos parceiros! Saudade do João Ubaldo Ribeiro, VIVA! VIVA O POVO BRASILEIRO!
                                Na rede da moralidade, carecem nós: tus e eles vingam na velocidade em deriva.
                                Vingam?
                                    Vingam-SE! pois a fome é um abutre sem penas, e nem o incauto é perdoado!
                                A rede vazia de homens segue rente à superfície...
                         
                                             "Um líder é um vendedor de esperança."
                                             ( Napoleão )
Texto: Ivane Laurete Perotti

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