VASSOURA DE BRUXA
CADÊ MARIANA
-
vassouras de lama são tramadas com os fios da política podre e varrem do mapa a
justiça humana -
"O
patriotismo é o último refúgio dos canalhas."
Samuel Johnson
A barra da saia não
esconde o mal feito. Grandes malfeitos
têm ápices em propósitos antecipados tal qual notas de rodapé: servem às lupas
ausentes. Na barra da saia, as dobras farfalham frias e secas, tingidas dobras
pranteadas em perdas e enganos. Enganosa engenharia depõe o homem de sua estada
e serventia: a que vêm as fissuras na costura dos bolsos em saias que Mariana não viu?
Estanque-se a lama ! Adeus
Mariana...
Lembranças arrancadas em tempo real
debulham soluços na terra violada : restos
da selvagem e ininterrupta exploração. Não
chore, Mariana, a mão que lhe toma o leito é a mão que lhe dá o pão. Não chore
Mariana, eis que o silêncio esconde-se no bico da eclipse barrenta... olhos de
fogo vazam por mãos alheias à vontade
que emudece as lembranças roubadas. Não chore Mariana !
O vento titubeia diante do acréscimo às velas
frágeis. Saias não servem à viciosa indumentária dos corruptos acostumados aos volumes das anquinhas fendidas:
saia justa ?Falanges sem dedos apontam-se,
valsam números perdidos : quem armou a combinação?
Mudos gestos não mudam, trocam de lugar de tempos em tempos e as perguntas
desamparadas não vingam: aqui enterra-se uma sentença no túmulo do povo sem
tino. Destino?
Mariana morre despida de justa atenção ! Em
carta náutica traça-se o rumo da cidade
banhada pelo mar de rejeitos: a rosa dos ventos procura em vão o paradeiro da justiça no mapa
das constelações. Labirinto de saias, saia
! Anáguas vazias , pontas de toalha escondem o chão: fantasmas zombeteiros migram
famintos na política da podridão. Hão...hão...hão....bem-haja!
Haja bem !Vistas grossas não endossam o
processo, e à vinha na vindima não restou um cacho de uvas... Pagar-se-á o
impagável débito? No tempo da história curta , o povo grita: do pó
ao pó...
Seca a lama em Mariana ! Marinam as "gentes", tantos entes,
na esteira da vela: transitiva operação de câmbios e favores toma de golpe a crua
gramática das considerações fajutas... a lama não lava o pé , só vê quem
não é...
Na dobra da saia o nome
da culpa: extração ! Arranca-se da
terra o que a terra dá. Arromba-se do homem o que ele não tem. Vende-se a necessidade
de acordo com a fome e a quem ela convém: vozes mentirosas enlatam argumentos
em palavras mastigadas. Nem uvas, nem velas, nem saias de renda fina escondem o
buraco da devastação. Choram rios os mares invadidos... velam-se os homens
perdidos!
Mariana, acorda do sono lúgubre
! Mão invisíveis têm nome, codinome: corrupção ! Levanta, Mariana! Estende o
leito ...no peito, o jeito que lhe sobra ... garantia à indignação.
Cadê Mariana?
Ivane Laurete Perotti