COMPLEXO DE VIRA-LATAS?
NÃO
CULPEMOS AS PALAVRAS, ELAS ESTÃO A SERVIÇO
- quem se responsabiliza pelos dizeres ausentes?-
" (...)mas quem fala a respeito do homem? Há os
que simplesmente tagarelam” Sartre
Pobre de mim, tupiniquim. Pobre de mim, papa-capim!
Robustas palavras
pairam nobres,
e ignóbeis,
sobre diáfana afasia
... quem dizia?
Se quem escreve assume a pena, nem sempre bastante à régua pequena, não há inocência diante do verbo dito,
não dito, escrito, apagado, contrito; há antes, bem antes, a sombra de
um veredictum!
Em julgado desalento, o uso nem um pouco
flutuante da palavra pelo palavreador ,
tagarela versador, sujeito provido de loas, deítico, político, mítico
instigador. Não! Impossível negar o
contexto, ou mascarar em sujeito o delito provedor, a querela é de longe um
ponto emaranhado no fio da vida e implica a não se tomar um pelo outro: engano, engano, engano. Farpas de
palavras perdidas espetam-me aqui e, logo, devolvo-as ali. A língua que
corrompe é também corrompida; instala,
cala, atravessa o véu , ludibria, cria, funda o jugo, abre a cancela, furta e revela,
coisa de monta em história de pescador. Assim é! Ou se faz ser, neste mundo de
linguagens múltiplas, onde a palavra parece que reina, objeto de intriga, veiga viga, fértil várzea, entre
aquele que teima e ainda treina o
papagaio falador.
Faço fita, neste jogo que imbrica a palavra na
escrita, para falar do ausente agravo, estranho conchavo aparecido nos jornais: quem
disse da viralatice - isse, quem
começou a bobice -essa, que até
parece valer? "Complexo de
vira-latas" é ofensa ou desfeita,
coisa que se espreita antes de conceber, mácula à propaganda ditosa, há tempos
vigorosa, sobre o "brasileiro
vencedor"? Ou faz parte do pleito sem jeito, descuidado modo de dizer sem querer, qualquer
coisa que virgula entre saber e poder? Ou é um ou outro: no sem querer misturado ao posso dizer vale um conceito sem precedentes ao tupiniquim dinamarquês. Triste ironia,
fina melancolia, ingênua covardia de quem não se calou diante da vez: falar por
falar é típico da linguagem denominada abobrês, mescla somática da necessidade pessoal e
intransferível que assola algumas personalidades vitalícias em estado de politiquês com a intenção de convencer
o ingênuo freguês. Ingênuo?
No perrengue obscuro o discurso resbala, resvala, rescalda a íntima
borralha. Fornalha? Na recrudescência de um incêndio, a operação corta o fogo,
sabota a lorota, vira anedota, peta, e ainda garante o horário eleitoral. Quem
dera fosse a era da palavra colossal: gigante complexual, Brasil, etc., e
coisa e tal. Vira, vira, vira-latas é hipônimo de mote processual. Mangação! Ai! A fita da escrita não larga o nó. Que dó!
“Por ter descoberto o mundo através da
linguagem, tomei durante muito tempo a linguagem pelo mundo. ” Sartre
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