REI NU
A
HISTÓRIA DO MANTO PERDIDO
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no reino da corrupção, a nudez do rei é estratégia tramada a vários fios -
" Uma bandeira pode servir de mortalha, mas
não cobre, sozinha, a trincheira da ignorância." Ivane Perotti
Rei nu,
rei cru!
Vinga entre os incautos uma pueril e bem
administrada cantilena apedêutica:
"... a ignorância é a mãe da
felicidade.", " Quanto mais se sabe, mais se sofre... ",
"... melhor sofrer na ignorância do que morrer no conhecimento." Cantilenas mantidas a custo, uma vez que dá
trabalho conduzir a massa social como se fosse um parvo rebanho. Mas, ensina a
história que até a mais dócil ovelha faz ouvir os balidos de sua dor e, diante da tosquia
desavisada, identifica a mão que impõe a
navalha.
Rei cru,
rei nu!
Pois, da ovelha
ao rei, o caminho revestido de lã tece o pranto da incredulidade: despe-se o
povo para desfraldar o estandarte da corrupção. Uma bandeira desbotada cobre em
luto o choro das carpideiras contratadas; fazem coro as cantadeiras, cantareiras, petroleiras, empreiteiras,
alcoviteiras e de eiras em beiras desfilam sem /dó-lares/ os lares do lado de cá. Na
míngua da informação controlada, na saga da saúde obsoleta, arde a dantesca estética
das feridas abertas sob o manto da indignação. Manto movediço, contradiço, manto infestado de traças,
essas graças de insetos urbanos pertencentes à Ordem Thysanura - Lepidópteras. Obedecem elas, as traças, à ordem do
armazenamento: comem e comem e comem o que não lhes pertence. Esbanjam
prejuízos à vida e à dignidade humana, trituram os conceitos de cidadania,
iludem a nação, empanturram-se com o trabalho escasso, parco, já indigno trabalho que falta às mãos esvaziada
da população.
Rei nu!
Rei cru!
Roeu-se o manto
do rei: do trono ao dono, não há ninguém para costurar os fios puídos,
esburacados, solapados em público e bom tom. Do festim carnavalizado,
politicamente articulado, servido a talheres de LEI, sobram traças, às graças,
assentadas aos pés dos mitos criados e dirigidos do Olimpo Brasileiro. Zeus foi tupiniquim, mas desistiu de
barganhar a repatriação de sua
nacionalidade manchada pelos tops da
criminalidade instituída. Nem ele daria
conta de comandar tamanho desvario. Zeus
foi leniente... mas quanto a ser penitente,
bom, esta é uma conversa para ser coroada com uma régia premiação. Delação? Quem
não gosta de rimas, já levantou outra questão. Assim, orquestra-se qualquer
discurso abaixo do firmamento e não há o que mais dizer quanto ao manto do rei.
Rei
posto, em desgosto. Provou do gosto, promoveu a miséria, agora... agora... não
há como limpar a trajetória sem pagar
pela história.
Rei nu... não se permite terminar a
rima!
" Do suposto vazio de uma história surge o
dito pelo não dito." Ivane Perotti
Ivane Laurete Perotti