ALMOS...

ALMOFOBIA

-  na era dos encostos, travesseiros e almofadas trocam estampas e mantêm o estofo -

"George nasceu almofada..." (Luiz Othavio Gimenez)

                                     Dos medos que mais estofam -  esburacam - a epistemologia racional no continuum maciço  do tempo pós-moderno, o medo axiomático do ser ser no mundo aberto tempera vazões de grosso ostracismo. O medo de estar e não ser, ser e estar deixam Shakespeare no chinelo... não! Deixam-no sobre o sofá, sem direito a almofadas e travesseiros para amortizar o exílio das decisões alheias acerca de um inglório movimento individual e interno: óh! sapos do brejo! Com que beijos me beijam para não cair em real tentação? Servem-se óstracos - antigo caco de cerâmica que remonta ao século V a.C. , e deve orgulhar Clístenes, pai da democracia,  nos sombrios umbrais da mítica Atenas - aos eleitores do voto para o exílio nas esquinas sem palafitas. Olhai, homens de pouca língua: a palavra queima nas mãos e nos quadrantes protegidos pelos raios do sol. Haverá momento para a igualdade de almofadas e travesseiros nesta cama de cimento? Sem descanso, as línguas taramelam em pedaços de falsos verbetes, colchetes que a semântica abre e não fecha - por políticas de pura delicadeza científica, claro! - e banem o homem que atina sem máscaras diante dos oráculos pré-pagos.
                                     Almofobia, segundo Luiz Othavio, dono de uma inteligência veloz e premiado pela beleza da juventude lúcida e consistente: "...os almofóbicos odeiam almofadas!" E, diz mais o nosso belo jovem: " Almofadas e travesseiros foram feitos juntos, na primeira vez, lá onde tudo deve ter começado...mas, George não foi feito para usar fronhas!". Não! Não foi! É o princípio da diversidade produtiva. Não se pode exigir das fronhas o estofo que vem recheando os travesseiros e versa o vice,  vice o versa, versam os dois e nenhum deles, tudo na mesma estrofe, a ladainha é a mesma, só troca o verso na ordem desordenada da poesia que não  é vista e  existente, resistente: opulente almo!
                                     Luiz Othavio é um alento para os idealistas de um mundo atravessado pelas políticas de pouco caso - ou muito tento - e para o cansaço diante das autarquias de araque, herança rançosa do absolutismo obscuro e insosso, teimosa mistura de nossos dias enxovalhados por conceitos de meia pataca. Miro-me na valentia loquaz do jovem que vi crescer e aprendi a amar como se meu filho fosse - e se fosse, nem mais orgulho caberia neste coração de mãe devota. Ele tem um vlog, custeado pela criativa capacidade de dizer com humore sério - o humor é inevitavelmente sério, mas apenas para buscar uma bengala em Bergson e sua teoria da automação, lembro que dizer é um ato político de legitimidade irretocável. Vale ouvir e ver o que este homem inteiro produz com a irreverência brilhante que só aos sábios faz mestria. E aprender com ele, aprender sobre almofadas e travesseiros e fronhas amassadas aos pés dos dias cinzentos que esta sociedade tanto tem se esforçado para construir.
                                 Nasce um astro na órbita das opiniões centradas.
                                 Que os óstracos , cacos da história, sirvam hoje para revestir caminhos singulares, mais leves, menos ásperos, nada  intolerantes ou ... in-trans -i- GENTES! GENTES são misturas  que podem dar certo, dentro ou fora de contextos pré-estabelecidos: /in/ preposição que indica em seu, em sua.../trans/ prefixo que dá ideia de  através de.../i/ nona letra de nosso alfabeto, alofone desdobrado em vogal média quando interessa ao ambiente linguístico ( sempre interessa!) e, /gente/ substantivo feminino: POVO! A quem desejar possa, IN-TRANS-I-GENTES não  povoam uma nação, destroem-na.

                                Este texto é uma mesura de RESPEITO a um homem DE VERDADE: Luiz Othavio Gimenez!  

Ivane Laurete Perotti

Postagens mais visitadas