TEXTO MOTIVADO POR UM AMIGO VIRTUAL EM LEITURA CRITICA
ATLAS DA AMERICANIZAÇÃO SELVAGEM
-
na solidão do canis latrans, o
instinto chama para agrupar-se a favor do vento -
"
Há figuras difusas rodeando o panteão dos mitos sul-americanos e, dada a
familiaridade com a 'carocha' da modernidade perniciosa, não se vê mais
crianças assustadas com pueril a mula sem cabeça. Vê-se, sim, adultos, bem
crescidos e acuados, tremendo diante das alegorias que transpassaram o poder
figurativo da linguagem - esse rio de possibilidades associativas Existem
monstros? Sim, existem, e a maior parte deles aprendeu a voar." Ivane
Perotti
Na
virtualidade das amizades que a web
propõem, trocar ideias está próximo ao trivial ato da troca de roupas. Não com
a mesma necessidade ou intenção, claro; pode-se aventar que trocar ideias é
muito mais salutar e prazeroso do que o dissonante e regular desnudamento ou troca
de vestuário, incluindo aí os ponderáveis exercícios de sujeitamento social,
formação discursiva, desvelamento cidadão, formação de opinião, economia,
ecologia, naturismo, estética entre
outros paradoxos produtivos. Contudo,
discutir saúde e hábitos externos à pelagem que nos recobre - penugem? - é um
gancho em gládio, bem longe das bigas, dos tritões e falastrões que
talvez aplaudissem o tema: " roupas, para que vos quero, quando o mundo
assoma pelado às voltas de expor o que ia - vai?, continua? - por baixo dos
panos?."
Ah! Jogar
palavras à mesa - com ou sem toalhas - é outro exercício que a internet facilita. E não impede que uma
palavra Nahuati aporte aqui cheia de
pelos e asas. Explico: pelos, sim, asas, talvez. As últimas fazem parte do
coroamento figurativo que a verve compartilhada me impõe. Penso nos canis latrans, coiotes americanos,
típicos da América do Norte e América Central em sua vivência quase que imperiosamente solitária. Quase que...
Mamíferos inteligentes! A imagem da solitude
impregna-os de digno comedimento - ou não!, solidão com consciência é ganho de
causa ( causas) na fauna terrestre, independente dos pelos e das patas -
números, hoje, fazem parte de equações sem grau - e que me desmintam os
professores de Direito Civil. Mas, há divergências, sempre há divergências! E
devo a elas, às divergências, a metáfora das asas: coiotes com asas aportam em
qualquer lugar. Até na consciência dos que formam matilhas para facilitar o
controle do habitat - não natural - e do extrativismo criminoso
sobre recursos alheios. O canis latrans,
apesar do nome e suas alusões semânticas, é um carnívoro que facilmente se adapta
a lugares e situações e até inclui em sua dieta frutas, insetos, peixes... ou
seja, ele se vira! Infelizmente, a
prova desse dado é científica: acostumado a caçar para sobreviver, o coiote, em
contato mais próximo com o homem, nutre-se normalmente de ratos encontrados nos
lixos. Está aí a sua prestação de serviço de cunho social , enquanto a formação
de matilhas faz parte de suas tendências oportunistas e, cá entre nós, aí vão
asas e coroinhas - diminutivo de coroas - não!, nada a ver com a idade ou com
os serviços prestados aos padres -, auréolas mesmo, pequenas guirlandas que
poderiam torná-los simpáticos às causas matilhescas.
Contudo, indivíduos solitários não têm território, nem QG, nem base aliada,
nem... ah! essas coisas todas que fazem parte da lei da urbana selva
politicamente humana.
Bom, este era só um
pretexto, mais um, para trocar ideias! para deixar a pelagem, penugem,
descobrir-se diante do pensar e brincar com a linguagem: figuras figuram a
realidade premeditadamente humana.
Entre os canis
latrans, há um canis latrans cagottis...
e, qualquer alusão sonora, morfológica e/ou semântica é culpa do lobo, coiote
ou coisa que se valha, já que ao homem basta-lhe a própria matilha esfomeada -
pelo alheio do alheio!
Ao meu amigo virtual,
pelas ideias trocadas e pela motivação de pesquisar. A sua vez agora!
Ivane Laurete Perotti