HAXIMU
HAXIMU
- UM MASSACRE
RECORRENTE
-
podem calar os vivos, mas os mortos falam por si -
" Envergonho-me da consciência clara
diante das diferenças que sinto e vejo mas, envergonho-me mais, muito mais, de todas aquelas abissais diferenças
que alimento pela ignorância de minha consciência." Ivane Perotti
O sangue que
encharcou as terras Yanomami há 20 anos atrás é um HAXIMU recorrente: mudam-se as proporções do derramamento, o local e as vítimas; mantém-se
a razão ideológica - a fome é a mesma, o controle do descontrole permanece
voluntário, a violência dissemina-se em cornucópias de banalização, e a
ignorância culpa o destino que jamais será julgado.
Careço de espaço
mental para alinhavar uma decisão: embriago-me , aceito ser embriagada ou coloco
Deus em julgamento? Se pudesse
colocar o último em pauta, eu aceitaria a embriaguês permanente, mas também
careço de espaço em minha alma para deitar fora a culpa que é minha: MEU DEUS! Onde estive enquanto Você passeava
por aí? Disseram-me desde sempre que
aceitasse os desígnios divinos! Pois eu duvido que os desígnios que tornam a
nossa raça em uma espécie inumana sejam divinos! Duvido e duvido! isso é infantilizar uma visão do
gerenciamento social da /h/UMANIDADE e passar a responsabilidade para uma dimensão
inatingível em termos de juízo - a não ser que já tenhamos chegado a ele, o
bíblico juízo final. Talvez! Então,
novamente a culpa vem de outro lugar que não daqui mesmo? Careço de espaço para
adensar ainda mais a ignorância que me é própria.
Quero pensar o
mundo/planeta como uma grande aldeia
- conceito metafórico que surge lá pela década de 80 quando ainda se acreditava
( acreditava?) que a globalização seria
uma natural consequência tecnológica e, portanto, a sociedade histórica estaria
mais conectada e informada - bem
informada acerca de sua própria ou imprópria evolução. Perdi um parágrafo
apenas para justificar o que segue: se o mundo é uma aldeia, posso colocar na
mesma cabaça os movimentos que se
registram: Boko Haram, ebola, administração da pobreza, investimento em não educação, Yanomamis, generalização da violência, Brasil, água potável, Etiópia, armamento, terras indígenas, Islã, antissemitismo,
Estados Unidos, corrupção, Rússia, ambição, Croácia, exploração criminosa, meio
ambiente, guerras orquestradas, Serra Leoa, carvoeiros brasileiros, ... a cabaça
é pequena: não tem espaço para as crianças e a violência sexual, o fundamentalismo religioso, o preconceito
racial, a depressão em massa, os verdadeiros ladrões por trás dos pequenos
ladrões hospedados em celas temporárias na
carceragem de nosso sistema prisional - a espera de que o sistema maior mais uma vez funcione na lavagem da lavagem - e por aí vai. Sinal - não decifrável, claro! -
de que a sociedade mundial jamais será uma tribo sobre a esfera planetária e
nem os desígnios divinos podem ser
levados à prova! Se ELE criou o mundo
em sete dias, certamente não foi ESSE mundo que imaginou e, há tempos, deve questionar-SE quanto a não ter descansado
antes!
Que haja MISERICÓRDIA
para a ignorância nossa de cada dia...
" Se apenas na correnteza proliferassem
os peixes, as redes de pesca não seriam lançadas no raso." Ivane Perotti
Ivane Laurete Perotti