QUANDO O QUÊ APARECE NÃO É O QUÊ PARECE…




QUANDO O QUÊ APARECE NÃO É O QUÊ PARECE…

                   - O Plano Nacional da Educação e a Meta 4 -

                          
                                              "Inclusão é o privilégio de conviver com as diferenças"
                                                        Eglér Mantoan

                        
                De volta ao lugar que não deveria ter abandonado, a discussão que vem à tona faz eclodir um mapa de nossa incapacidade humana em universalizar conceitos e intenções. O primeiro, pela lógica semântica que dita o poder limitado da linguagem convencional - as palavras não carregam significados fechados em si mesmos -, o segundo, pela INtraduzibilidade de nossas intenções pessoais flagradas em recortes de movimentos que envolvem o coletivo. Fecham-se as escolas especiais até 2018?
               Desassossega-me pensar que o motivo para as discussões em foco acerca das práticas de inclusão social seja a aludida falta de precisão textual tanto do decreto 7.611, assinado pela presidente Dilma Rousseff para substituir o 6.571, assinado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2008 - que concedia o caráter de complementaridade ao atendimento feito por escolas e classes especiais, como as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs). Desassossega-me!
               Alude-se que o redator da meta 4 do PNE simplificou o texto do relatório no afã de entregá-lo para apreciação na Câmara dos Deputados. Alude-se? Infere-se? Instala-se a verborragia típica de um momento histórico feito o nosso: muito barulho para abafar a inércia democrática, a ausência de vontade política e os investimentos difusos que não implicam o bem comum.
               Incomoda-me aceitar o quê parece ser, aparenta ser, e não tem sustentação no plano das justificativas viáveis. Se bem que, o quê é viável no universo das dubiedades? O PNE em si mesmo é uma grande vala aberta onde se afogam em caldos semânticos as indigestas propostas que não traduzem a escola pública brasileira. E a questão sobre a inclusão, mediada por uma operacionalização inverossímil e mal conduzida, deveria pautar uma discussão contínua, ágil, fecunda, centrada, concreta, aplicável e ininterrupta. Parece exagero? Só parece! Não é!
            Para quem não tem vivência nem ciência do que ocorre no contexto educacional - aparece aqui uma discrepância lógica na argumentação: parece ser improvável que alguém se mantenha alheio ou não sofra a ação da instituição escolar, até mesmo da ausência dela em algum momento da vida. Mas, a raiz do verbo em destaque no jogo discursivo vem do latim tardio / parescere, pareo, -ere, aparecer/ e tanto aparecer quanto parecer afiguram-se, levam a crer que...tudo é possível! - especificamente no contexto que envolve as SINGULARIDADES do indivíduo, pedagogicamente definidas como especialidades.
            A partir de 2014, o PNE em apreciação pelo Senado define que, novas matrículas de alunos especiais deverão ocorrer apenas e tão somente em escolas públicas, dentro do quadro que caracteriza como ensino regular. É isso mesmo? A mim parece que a discussão não é o quê aparece. Inquieta-me a simplificação do tema e a diminuição de sua importância no PLANO DA VIDA HUMANA! Falamos do mesmo assunto? Qual é o assunto?
             Espocam movimentos e escapa-nos a diligência sobre as perguntas não entabuladas. Li e reli as últimas estatísticas sobre o tema da inserção e, mais uma vez, senti a negatividade de meu letramento inconcluso: apresentam-nos uma situação que fere a inteligência social. Enganamos a quem? Melhor não perguntar...
           

                                                    "Por que nos contentamos em viver rastejando, quando
                                                     sentimos o desejo de voar?"

                                                       Hellen Keller

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