A TEIA DO INFINITO
A TEIA DO INFINITO
Grossas lágrimas cristalizadas pela dor ponteavam a superfície dos
oceanos. Uma a uma misturavam-se ao líquido salgado das águas volumosas.
Montanhas desvestidas dos verdes mantos encrespavam-se diante dos olhos
perdidos.
Um
homem caminhava pelo deserto particular de sua desesperança. Só, desde o berço
da alma vazia, buscava a razão para tamanho descrédito.
Salve a Terra, gritava a memória!
Salve a Terra, respondia o coração!
Nem um eco no horizonte das possibilidades.
As estrelas penduravam-se na dança das lágrimas tristes. O mar recebia o
peso sem brilho abrindo espaço para o
mergulho dolorido. Mistura insalubre golpeava os peixes, as baleias e os
golfinhos. Caracóis de algas deslizavam sem vida pela corrente desvairada.
Lágrimas desciam das estrelas coxas, mancas
estrelas que perderam a cor. Pontas estranguladas de luz esgueiravam-se por
entre as nuvens
Salve a
Terra, pediam os astros!
Salve a Terra, clamavam!
Um homem caminhava só.
Montanhas desnudas cobriam o horizonte fosco
rastreando perdidas linhas de trilhas antigas.
A saudade do antes planeta azul caminhava só.
Um homem triste carregava pesado fardo.
O
horizonte vazio aguardava expelindo mais um suspiro.
Mais um... mais um...
A teia do infinito tinha pressa em refazer-se
nas poucas brumas que pairavam sobre o cume do tempo. Em tom de urgência,
ouviam-se lamentos tragados pelo véu do inconformismo.
Salve a Terra!
Salve a Terra!
Dos olhos do homem que caminhava só brotou um
lampejo de entendimento:
Salvo a
Terra!
Salva a
Terra!
Salvo-me!
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