SOBRE EDUCAR, MOTIVAR
E CONSTRUIR: uma tênue linha entre o fazer e o desfazer.
"Toda filosofia esconde também uma filosofia.
Toda opinião é também um esconderijo, toda
palavra é também uma
máscara."
(Nietzsche)
Quantas máscaras usamos durante a vida? Quantas máscaras
são necessárias para darmos conta da ilusão de nos mostrarmos UNOS, LINEARES,
INTEIROS?
As palavras nos
escondem e nos expõem na mesma ordem e ao mesmo tempo. Dizer e acreditar que o
"dito" é tão somente o que dissemos é uma convenção mediada pela
natureza de nossa constituição social. Se nos desvendarmos o tempo todo,
andaremos nus em praça pública correndo o risco de não encontrar alma pura que
nos aponte a lástima. Se nos escondermos a qualquer tempo, viveremos na
ignorância de não saber quem somos. Quem somos?
No aparato que
construímos para dar conta de parte de nossa evolução sócio-política, a escola
é estruturada como um laboratório maior, lugar de trocas, interações,
aprendizados, "desaprendizados", motivações,
"desmotivações" tal qual ocorre em outros estratos de convivência:
família, comunidade, clube, etc., etc. Contudo, há pressupostos básicos que
diferenciam o ambiente escolar dos demais: o conhecimento científico e a
motivação para dispô-lo a serviço da E-D-U-C-A-Ç-Ã-O. E o que a educação tem a ver com a filosofia,
as palavras e as máscaras? Do esconderijo de minha opinião, ouso querer dizer,
dizendo: TUDO está absolutamente interligado. As palavras nos refletem, somos
refletidos nas e pelas palavras, as palavras nos mascaram e continuamos a
usá-las para acreditar que somos o que dizem que somos, ou o que acreditamos
ser, ou o que desejaríamos que fôssemos.
As paráfrases podem fazer-se intermináveis. O
assunto é por demais produtivo. Mas o "pedaço" de minha opinião que
tiro do esconderijo tem espaço limitado, então, quero focar no poder das
palavras e das máscaras no laboratório que chamamos de escola, só por questão
de vestir melhor as palavras que uso _ e isso é o que eu "acho" que
estou fazendo! Pode-se provar o contrário!
Na escola, o poder
constituído nos e pelos lugares definidos professor/aluno faz um paradigma com
os demais lugares: pais/filhos, chefe/funcionário, comandante/comandado e por
aí afora. Então, acredito que as palavras e as máscaras estão a serviço tanto
da manutenção dos lugares - hierarquia - quanto dela se servem. Sim, quero
dizer que as palavras também usam dessa prerrogativa: SERVEM-SE! Servem a si
mesmas e aos objetivos que temos a partir do lugar que ocupamos ou acreditamos
ocupar.
Professor e aluno
servem-se de/das palavras para constituírem-se sujeitos de um "fazer"
pedagógico imprescindível na contemporaneidade. Imprescindível, necessário e
intransferível. Daí o poder que os dois têm para construir e desconstruir,
fazer e desfazer, motivar e desmotivar. A quem cabe o quê, é uma questão filosófica
entremeada por armadilhas conceituais deveras capciosa, para não dizer
mascarada, que acredito não se faz necessária nesse espaço. Mas negar que ela
açule nossa atenção é voltar para dentro do esconderijo sem carregar sentidos e
estes, os sentidos, não podem ser negados - podem ser distorcidos, atrofiados,
mal interpretados, mal ditos, mal usados, marcados, atravessados... mas
continuam latentes em algum lugar.
Assim, dos lugares que
ocupamos, quais as palavras que estamos "usando" para EDUCAR, MOTIVAR
e CONSTRUIR? Isso em pressupondo que cada uma das palavras escritas em
maiúsculas tenha alguns sentidos em comum ou atendam a concepções minimamente
claras no laboratório escolar. Claro! Claríssimo!
Não sei! Não sei se a
careza desejada é a clareza encontrada.
Não sei se essa clareza é
possível.
Se Nietzsche teve razões
para pensar o que escreveu, eu quero ter razões para continuar pensando, pois
pensar faz bem, abre a porta para novas questões, ou para novos esconderijos.
Mas essa já é uma escolha de cada um. Se é que escolhas existem!
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