PARTE IV

PARTE IV - DIÁRIO DE UMA MULHER QUE NÃO QUER TRAIR




QUARTO DIA...

                              Não sei se essa história de escrever um diário é uma boa ideia... acho que estou me ferrando! Literalmente!

                              Vou trabalhar sem tomar café...
                               RECEBI UM ELOGIO DE MEU COLEGA... ele disse que meu cabelo está diferente! Será que está? Nem me olhei no espelho daquele jeito que sempre faço...
                               FIZ UM SANDUÍCHE PARA A NOSSA JANTA, MAS ESTOU SEM FOME.
                               O ASSUNTO SOBRE A PROMOÇÃO DO COLEGA DE MEU MARIDO ESTÁ ME DEIXANDO CHATEADA! ODEIO ESSE COLEGA! ODEIO O CHEFE DELES, ODEIO OS DOIS. NESSE MOMENTO AGRADEÇO NÃO OS CONHECER, POIS EU OS ODIARIA AINDA MAIS!
                                NÃO ESTOU SUPORTANDO OUVIR SOBRE ESSE ASSUNTO.

                                 Vou dormir. Meu marido está no computador tentando escrever uma moção de repúdio sobre a ação de seu chefe. Acho que eu deveria esperar ele terminar para deitarmos juntos. Ficar com ele e dar apoio moral... mas ele me pediu silêncio!, antes que eu abrisse a boca. O sono que perdi na outra noite está me deixando nauseada. Vou dormir.

QUINTO DIA...
                                 Preciso comer alguma coisa doce. Não tem nada em casa que me deixe satisfeita. Quero chocolate logo cedo.
                            Vou a pé para o escritório.
                            Preciso caminhar.        

Estou comendo uma salada sem gosto. Decidi ficar no escritório para usufruir do silêncio das salas vazias.  Preciso encontrar um jeito de, sem magoar o meu marido, dizer para ele que... o que eu vou dizer para ele? Que não quero saber dos problemas dele? Na verdade eu quero saber de tudo, de tudo o que interessa ao homem da minha vida. Nós nos casamos porque acreditamos que dois podem viver em um só... será que estou falando pouco? Como eu faço para ele perceber que eu também quero contar sobre o meu dia? Como eu mostro para ele que o meu chefe também faz algumas coisas que eu não gosto? E ainda, nem sempre as atitudes de meus colegas me agradam, mas não preciso ser agradada e nem agradar a todos o tempo todo. Será que os meus colegas são melhores do que os dele? Será que ele não gosta mais do serviço que faz e está precisando mudar de área? Será que ele está pedindo socorro insistindo tanto sobre o assunto? Preciso ser mais compreensiva? Estou errada? Ai!, meus votos de... ou!será que o trabalho é mais importante do que os planos que fizemos juntos? Nós dois precisamos trabalhar, temos objetivos, planos, sonhos... vou pensar melhor sobre isso. E...


MEU COLEGA ME TROUXE UM CHOCOLATE! COMO ELE SABIA QUE EU ESTAVA QUERENDO UM CHOCOLATE?

                  Vou convidar o meu marido para jantarmos em nosso lugar preferido. E para  terminarmos a noite onde íamos há alguns dias atrás. Vamos fazer o primeiro aniversário de casamento: 30 dias de casados!!!IUUUUUUPIIIII!!!!

         COMPREI UM PRESENTE
                           PARA ELE!
              
              Meu marido esqueceu do convite que eu fiz  colando cartazes  pelas paredes de casa, enviando mensagens românticas, colando bilhete em sua carteira, enviando um buquê de margaridas com um cartão provocativo... esqueceu!
ESQUECEU!
ESQUECEU!
ESQUECEU!
                             Sentada no sofá e com o presente de primeiro aniversário ao lado olhando para mim como se estivesse dizendo alguma coisa, vi meu marido chegar em casa perto das 23 horas. Estava cansado, mas me contou tudo sobre o seu esforço em pedir a remoção do chefe e de alguns colegas inaptos para o trabalho.
                        Contou-me em detalhes e repetidas vezes sobre o relatório que estava preparando. Reforçou suas ideias sobre os problemas da instituição, argumentou sobre o quanto não gostavam de trabalhar. Enfatizou veementemente a incapacidade alheia de pensar. Repetiu muitas e muitas vezes os planos que nutria contra os seus colegas.
                         Adormeci ouvindo o quanto a raiva que o consumia precisava ser “racionalizada”.
                         

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