ARMADILHAS
DO SEXO
Lúcio amava Anita que transava com o Gus.
Lúcio sabia das veredas por onde corria o sangue e o fogo da amada. Mas
coração de homem quando se apaixona nega toda a razão que culhões normais levam
milhares de anos para fundamentar.
Culhões
calçados em ciência do comportamento se respeita de longe, com bigodes de molho
e olhos baixos.
Lúcio amava Anita e tendia a pensar que era muita pretensão de sua parte
almejar ser notado por uma mulher tão cheia de adjetivos: gostosa, gostosa,
gostosa!
Lúcio sofria calado engolindo grossos goles de qualquer espuma gelada.
Fazia chiste de si mesmo e acalmava o fogo trepador comendo ou sendo comido nas
esquinas de noite fácil.
Gus trepava com Anita, dormia com Solange, flertava com Alice e
acreditava amar Rovane, uma ruiva de sangue azul.
Sangue
azul é a hierarquia superior das puros-sangues que fecham a cara para os
babacas conquistadores.
Rovane deitava com o chefe, acordava na própria cama, não dava confiança
para ninguém e acreditava amar Solano, um rico empresário do ramo imobiliário.
Solano dormia com a esposa, transava com a cunhada, comia as
funcionárias e “azarava” qualquer mulher desprovida de maiores recursos
cerebrais.
A esposa de Solano não aparecia no cenário, mas gostava de comparecer
aos shoppings da vida e colaborava com a necessidade do marido de aplicar altos
valores na aquisição de produtos desnecessários.
A irmã da esposa de Solano dormia em casa, viajava com o amante, trepava
com o cunhado, subia na vida e computava muitos casos de sexo animal.
Em um
desses lapsos da vida quando o tempo e o espaço fazem a curva para o mesmo
lado, um dos “casos” da irmã da esposa de Solano conheceu Lúcio que amava Anita
que trepava com o Gustavo que pensava amar Rovane que dormia com o chefe que
acordava em casa e comia a cunhada.
Foi tesão ao primeiro roçar de cílios.
Lúcio esqueceu Anita que ficou chocada e perdeu o interesse por Gus.
Gus foi atingido em seu orgulho de macho e passou muito tempo acordado
com Solange que já perdia o interesse pelo companheiro de cama.
Solange descobriu-se mulher livre e fez ponto em uma casa de "swing" onde
abriu sociedade participando arduamente em todos os trabalhos de promoção do
sexo livre.
Alice,
objeto de desejos ímpares tornou-se adepta do sexo tântrico e apaixonada pelo
mestre de iniciação partiu com ele para o Egito.
Rovane trocou de chefe, esqueceu Solano, conheceu Aníbal que é ateu e
resolveu investir em comércio exterior.
Lúcio continua feliz e morando com o mesmo parceiro de aventuras
inenarráveis. Quem o conheceu tomando cerveja não compreende seu novo gosto por
uísque e vodca em pleno meio dia.
A esposa de Solano descobriu a terapia em alto mar e agora veleja com o
professor de ginástica funcional. Comprou vários biquininhos e experimenta novos
comportamentos dando à natureza o ar de sua exuberância reprimida.
A irmã da esposa de Solano deixou o cabelo crescer, aderiu à meditação
prática, tatuou as mamas e partiu para uma jornada interior com vários
companheiros de busca.
Solano faz análise três vezes na semana para descobrir onde errou.
E Anita? Continua acreditando que dá para alguém que bagunça a sua cama
e de vez em quando lembra o seu nome: A-N-I-D-AAAAAAAAAAAA!
A grande gozação das funcionárias de Solano é vê-lo pagar processos por
assédio sexual sem ter comido as respectivas vítimas.
As
vítimas, mulheres fatais, encantam os advogados com choro e lágrimas de
répteis, engordam as contas bancárias com o dinheiro do chefe e saem para a
noite procurar parceiros.
Os parceiros das noites
festivas pagam a conta, recebem sexo oral e vez por outra trocam os pares por
triângulos ativos.
Alguns esperam amor e outros investem em prazer. Crédulos
e céticos reúnem-se na arena central dos relacionamentos e aprovam todos os
jogos.
Lúcio ganhou no final!
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