O MONSTRO E A LIBÉLULA
Dedicatória: “Aos
fortes, por expressarem os seus medos criados, herdados, adquiridos, tantas
vezes necessários."
A “gaveta” da cômoda abrira
e fechara umas sete vezes nos últimos dez minutos.
Nada incomum para uma noite
daquelas. Raquel precisava ouvir a voz de sua amiga conselheira para ter
certeza de que não estava ficando maluca.
Trovões, relâmpagos e todos os apetrechos que
uma tempestade carrega em plena noite de lua cheia: estava arrepiada, o medo
corria em sua pele e teimava em apertar-lhe a boca do estômago.
Contavam suas amigas mais
velhas que, em noites assim, as meninas precisavam tomar cuidado. Se não
estivessem protegidas, crescia uma barba de bode na ponta da orelha esquerda.
Era obra de um “ser” muito estranho que morava nos relâmpagos, ele soprava
através do vento e as sementinhas de barba... ploft!, cresciam na orelha das
meninas.
E como fazer para proteger-se
de tamanho perigo?
Já perguntara a sua mãe, mas
ela dissera que era fantasia de crianças.
Ora! Ela era uma criança sim, apesar dos óculos pesados que usava e que
escorregavam constantemente para o nariz... era uma menina e já tinha cinco
anos de idade. Sabia a diferença entre uma conversa de verdade e uma fantasia.
Por exemplo: nunca ficava com medo de fazer injeção. Tinha certeza que o medo
era gerado do lado de fora da agulha, por quem já tinha medo de agulha. Ela não
tinha e pronto! Essa era a diferença. Uma diferença muito grande entre o que
era e o que poderia ser.
Morava em uma cidade que já fora
abandonada duas vezes. Os meninos de sua escola diziam que era por causa dos
fantasmas.
As pessoas chegavam para
morar e precisavam ir embora.
Ninguém ficava ali mais do que
dois anos. E eles garantiam que era verdade.
Depois de dois anos, as famílias tinham de ser
transferidas para outro lugar. Não havia quem aguentasse.
Raquel chegara há apenas
três meses.
Seu pai fora enviado pela
empresa em que trabalhava para cuidar de alguns negócios nesse lugar. Tinha de
ser logo nesse?
Só de pensar que fantasmas pudessem estar por
ali, ela tinha vontade de abrir a gaveta outra vez. E abria. Certificava-se de
que “ela” estava disponível e atenta e voltava a fechá-la. Esse era um cuidado
cuidadoso. Tomado em todas as vezes que abria sua “gaveta”. O conteúdo era
particular, não poderia ser compartilhado com ninguém.
Outro relâmpago!
Céus!
Será que o “ser que morava
nos relâmpagos” já estava soprando as sementinhas de barba de bode? Ela estava
desprotegida. Ou não!?
Conforme a última orientação
de suas amigas, ela precisava colocar a cabeça debaixo do travesseiro antes do
relâmpago chegar até ela.
Desde o início da tempestade andava pelo
quarto com dois travesseiros sobre a cabeça. Precisaria de mais um?
Abriu a “gaveta” para
perguntar quando sua mãe, repentinamente, entra em seu quarto.
_ Aiiiiiii!!!! O que é isso,
minha filha? O que houve com sua cabeça?
_ Cabeça?... que cabeça,
mamãe!?
_ A sua cabeça, Raquel. De que
outra cabeça eu poderia estar falando? O que está acontecendo aqui?
_ Nada não, mamãe. Ainda... eu
acho. Dê uma olhada em minha orelha.
_ Está no mesmo lugar. Por
quê? Deveria ter acontecido alguma coisa?
_ Olhe bem, mãe! Veja se você
não encontra umas sementinhas de barba de bo...
_ O quê? Sementes de quê?!
_ De barba de bode, são
soprados pelo ser do..
_ Chega, Raquel! Essas
brincadeiras estão passando do limite. Se você estivesse com alguma semente na
orelha eu deveria levá-la ao médico. Não se pode colocar nada, já lhe disse
isso muitas vezes: NADA! , dentro da orelha... na...
_ Eu sei, mãe. Eu sei... mas não fui
eu, foi ele...
_ Minha querida, só estamos nós
neste quarto, só..
_ Nós e todos os fantasmas da
cidade que também devem ter medo do “ser do relâmpago”! E...
_ Raquel, essa conversa de novo!
Venha!, vamos conversar lá na sala enquanto esperamos pelo seu pai. Venha,
querida.
Antes de dar a mão para sua
mãe, Raquel certificou-se de ter fechado bem a “gaveta”. Nunca se sabia quando
alguém de fora poderia querer abri-la.
Foi só ao chegar à sala que a
mãe da menina notou os travesseiros equilibrados no mesmo lugar.
Não pode deixar de rir, mas de forma a que Raquel não percebesse, pois
essa “coisa” de medo pode ser assunto sério, especialmente em se tratando de
uma menina como a Raquel.
Antes que sentassem no sofá, o
pai de Raquel entra abruptamente na sala, molhado e tiritando de frio. Fora
pego de surpresa pela tempestade que caía.
Disse:
_ Brrrrrrrrr! Que fr... O que
é isso? Você machucou a cabeça, minha filha? Deixe o papai olhar, está doendo?
A mãe não conseguiu controlar
o riso. A cena era realmente hilária.
Os travesseiros com capas floridas estavam
fora do contexto e especialmente em se considerando a expressão do rosto de
Raquel.
_ Não, pai! Estou me protegendo
do “ser” do relâmpago. Ele sopra sementes de barba de bode e...
_ Sementes de quê? Que ser? Essa é uma nova
brincadeira? Vou brincar também... deixe só trocar esta roupa.
_ Não, pai! Isso é sério! Estou
com medo...
Diante da palavra mágica, os pais
de Raquel sentiram a força de um peso de papel em suas cabeças. Com barulhos
guturais para disfarçar o que sentiam, convidaram Raquel para “olhar” o seu
medo.
_ Não posso, pai. O medo é maior
do que eu. Se eu for até a porta, o relâmpago vai me alcançar e amanhã estarei
com barba de bode crescendo em minha orelha.
Limpando outra vez a garganta e
fazendo um ar formal, o pai lhe mostra a chuva batendo na vidraça.
_ Veja, Raquel. Esse é um fenômeno
da natureza e muito importante para a vida no planeta. Não podemos ficar sem
chuva, sem água. E os relâmpagos são descargas elétricas...
_ Mas os seres...
_ Ninguém mora nos relâmpagos. Eles
são como a luz que sai da lâmpada que está acesa. Não é possível morar neles, entendeu?
_ Hum! Não sei... é que as
sementes...
Foi uma longa conversa. Tão longa que
a roupa molhada secou no corpo do pai de Raquel.
Talvez naquela noite, ela pudesse
dormir mais tranquila, conhecendo o seu medo e as fantasias ao redor dele.
Talvez...
Ao chegar ao quarto com os
travesseiros embaixo do braço, foi logo abrindo a “gaveta” para conversar.
Resumiu o que o pai dissera, escolheu algumas coisas para acreditar, outras
guardou para lembrar, mas boa parte foi parar na lixeira. Ou melhor, em uma
“caixinha” do esquecimento para onde as crianças mandam as informações que
pensam não importar.
A “gaveta” ouviu tudo e participou
da seleção. Não era possível guardar tudo, alguma coisa tinha de ser esquecida,
que fossem as informações rejeitadas para o escuro porão.
Raquel demorou a dormir, pois ainda
esperava os fantasmas. Certamente eles não gostavam de chuva, pois a água molha
os lençóis que usam para assombrar as pessoas. E então, deveriam procurar os
quartos das crianças, especialmente os daquelas recentemente chegadas à cidade.
Deveriam querer abrigar-se e aproveitavam para assustar... assustar...
assustar...
Estranhamente ela ainda não vira
qualquer lençol balançando pelo quarto. Talvez não soubesse reconhecê-los, ou
eles não gostavam da casa dela.
Melhor assim!
Era tanta coisa a lhe fazer medo... alguns
fantasmas a menos poderiam ajudar.
Na escola encontrou as meninas
menores a olharem uma a orelha da outra. Sentou no meio delas e fez o resumo do
resumo de sua conversa com o pai.
Contou do jeito que guardara o que lhe
parecera importante e no final, arrematou:
_ Os seres estranhos não podem viver
nos relâmpagos. Eles preferem a luz das lâmpadas. Mas são muito bonzinhos e
todas as noites, fazem carinho no cabelo das meninas que escovam os dentes.
Aquilo encerrava o assunto. E era um
bom final. Muitas “gavetinhas” recolheram seus resumos sem que ninguém pudesse
ver.
Alguns dias se passaram na maior
tranquilidade. Até os pais de Raquel estranharam o silêncio que reinava.
Silêncio demais em casa de criança é sinal de coisa errada, ou de criança
cansada... se não for tristeza!
Ah! Nem se fale! Tristeza de
criança corta o coração de qualquer um!
Mas Raquel parecia bem, a única
novidade é que agora andava para trás.
Como é que é? Andava de costas?
_ O que é isso, minha filha? Um
novo exercício para os olhos? – perguntou o pai já rindo do que falara.
_ Não, pai! É um jeito de pegar
“salamandras-feiticeiras”. Não fale alto... e ande de costas também! Assim você
pode vê-las e elas não veem você!
_ Salamandras-f... Óh! São Cosme
e São Damião. De onde esta menina tira essas bobagens?
_ Não são bobagens, meu pai. São
coisas sérias e muito sérias. As “salamandras-feiticeiras” vem morar em casa
que tem criança para retirar os dentinhos da gente e... a Eduarda me contou
tudo. Ela perdeu os dois dentes da frente ontem à noite. Ela se esqueceu de
dormir de...
_ Minha filha... escute!
E lá se foi outra conversa sobre as
salamandras: um anfíbio que parece um lagartinho, uma lagartixinha, um
jacarezinho misturado com uma cobrinha que não arrancava os dentes de ninguém.
Elas gostam de água e podem nadar graças a uma cauda... são coloridas,
bonitinhas, mas são venenosas... não se deve tocar nelas..
Outra gavetinha acomodou as
novidades. E que novidades! As coleguinhas da escola gostaram de ouvir:
_ E é isso... meu pai me contou
tudo! As salamandras não vêm para a cidade, elas gostam tanto de nadar que têm
um castelo de água só para elas. São muito lindinhas, até usam uma cauda bem
comprida para encantar os príncipes que colocarem a mão nelas.
E depois do andar de costas foi a
vez de tapar os olhos. Pelo menos um deles para o “duende do mal” não morder a
ponta do nariz de meninas pequenas.
Do nariz?
_ É, mas meu pai e minha mãe já
combateram duendes e me contaram que eles não gostam de meninas que comem
rúcula, agrião e tomate. Olhem: eu trouxe uma salada mágica para nós.
A “gaveta” que abria e fechava
continuava auxiliando na seleção.
Havia momentos muito tensos, em que
o medo não passava com a explicação dos pais. Raquel precisava de tempo para
entender sozinha qual era a razão de sentir o que sentia, se é que uma razão
existisse.
Mas também havia outros medos que
Raquel não queria perder: sabia que não devia ir para a rua sozinha, nem
atravessá-la sem olhar. Crianças devem andar sempre acompanhadas, que é uma
forma boa de andar. Nisso os pais insistiam e não iriam explicar mais, tudo em
sua hora, Raquel iria entender. Agora era um momento para obedecer.
E ela obedecia e levava a ordem para
as outras meninas também. Que por sua vez discutiam o assunto até chegar a uma
conclusão: os pais tinham razão!
Houve um dia em que Raquel sonhou com
um “bicho-comilão”. Era tão grande e tão feio que o medo molhou o colchão.
Envergonhada e ainda com medo,
Raquel foi procurar sua mãe. Contou-lhe do sonho, entrou em detalhes, fez acara
do monstro e mostrou que os dentes dele pareciam sujos de feijão. Era um
monstro esganado e não tinha educação. Ficara tão assustada que... fizera xixi
na cama. Não conseguira levantar.
A mãe, compreensiva, explicou que
era normal. Que ela mesma quando criança passara por sonho igual e com medo do
monstro do sonho, molhara a cama também.
Foi um alívio explicar para as
amigas que os “monstros-comilões” não existiam, nem molhavam a cama das
crianças que faziam xixi antes de dormir.
A “gaveta” da cômoda esperava tranquila
o próximo depósito de informações. Abria e fechava em toda nova ocasião. Mas não soube o que guardar no dia da grande
explosão:
_ Manhêeeeeeeee!!!
Manhêeeeeeeeeeeeeeeeee!!!
_ Raquel, o que aconteceu? Onde você
está?
_ Aqui, mãeeeeeeeeeeeee! Aqui!
_ Aqui, onde? Onde?, já gritava
assustada a mãe da menina, pois não conseguia vê-la no quarto em desordem
completa.
_ Dentro do guarda-roupa,
mamaãeeeee!!! Aqui!....
Em um passo só, a mãe de Raquel abre
todas as portas do roupeiro. Na terceira delas encontra a menina enrolada em
vários casacos, vestidos, lençóis e pijamas. O que existia de roupa naquele
quarto fora parar ao redor de Raquel.
Até tirá-la para fora, foi um suador
só.
Quando conseguiu pegá-la no colo, a
mãe já estava sentada no chão, tremendo pelo susto e pelo esforço de
“desencavar” a filha do meio de tantas peças de roupa.
Respirando com dificuldade olha para
Raquel que também está muito suada:
_ O que aconteceu, minha filha? Você
se machucou?
_ Não, mãe. Eu consegui fugir a
tempo... ele...
_ Ele quem, Raquel? Ele quem? , a voz
da mãe mostrava nervosismo e urgência em descobrir o que se passava.
_ Estou com medo, mãe. Ele vai
voltar... é o “zulbi”!
_ Zu... o quê? Fale devagar minha
filha... devagar!
_ “Zulbi”, mãe. O “zulbi”... ele é um
parente dos fantasmas que moram nesta cidade e...
Respirando fundo pelo alívio diante do
que ouvira, a mãe de Raquel armou-se da maior boa vontade para acalmar a filha
enquanto a secava o suor frio que escorria da testa.
_ Meu amor... a mamãe vai lhe explicar
que... Olhe! Você quer me contar tudo primeiro? Vamos fazer um suco gelado
enquanto você me conta? Vamos?
Foram. Mas nem o suco de maracujá
acalmou a menina.
Quanto mais falava, mais revivia a
história do “zulbi”.
Segundo ela, o “zulbi” andava pela
cidade em busca de alimento. Como os fantasmas eram mais rápidos do que ele, o
“zulbi” andava sempre esfomeado, pois os seus primos comiam tudo antes dele.
O “zulbi” até já tinha ido até a casa
da Júlia e comido toda a comida do lixo; na casa da Maria Eduarda ele comera
todo o creme de passar no cabelo; na casa da Lorena, havia furado todas as
frutas, mas não comera nenhuma delas... na casa da Bianca ele rasgara todos os
pacotes de biscoito e não gostara deles.
Mas na casa da Maria Clara, o pai dela que é
muito forte estava esperando e: paft!paft!paft! Acho que ele prendeu um dos
“zulbis”. Um? Tem mais de um? Será que tem?
Lá se foram boas horas de explicação e
“acalmamento” _ era assim que Raquel se referia aos momentos de conversa com os
pais sobre os medos que ela tinha.
Às vezes, conseguia dizer com
clareza e seriedade que precisava do “acalmamento” deles para poder dormir.
Geralmente funcionava. Geralmente...
Bem, primeiro, a palavra correta era
“zumbi” e não “zulbi”, mas nem um nem outro era real. Fazia parte de estórias
sobre... e quanto aos fantasmas que faziam as pessoas fugirem da cidade?
Ninguém fugia da cidade. As pessoas eram
transferidas de tempo em tempo porque trabalhavam para uma empresa que
construía hidrelétricas.
Então, os funcionários só ficavam no lugar o
tempo necessário.
Quando o serviço terminava para uma
equipe, os funcionários iam embora e logo chegavam outros.
Era assim que funcionava. E... fantasmas? Não,
a cidade não era uma “cidade assombrosa”.
E para colorir a explicação, a mãe de
Raquel contou-lhe uma estória muito antiga, que passava de mãe para filha há
muitas gerações. Era a estória do “Monstro e da Libélula”, mais ou menos assim:
“Existiu um
tempo em que todos os animais tremiam de medo só de pensar em atravessar um
riacho na floresta, porque diziam que era guardado por um monstro de fogo. Um
monstro tão feio, mas tão feio que quem olhasse para ele morria de medo. Diziam
os animais que o monstro era invencível. Furioso, horrível mesmo.
Ninguém tentava
vencê-lo, o medo era maior. Nem mesmo os animais mais
ferozes tinham coragem de passar pelo riacho.
Foi então que um dia,
a Libélula resolveu enfrentá-lo. Todos os animais foram contra. Ela iria morrer
diante da feiura e da maldade do monstro.
Mas determinada a
entender quem era o monstro, a Libélula foi até o riacho e chamou por ele com
muita gentileza:
_ Senhor Monstro?...
por favor, posso falar com o senhor?
Ouviu-se um barulho
assustador e todos os animais da floresta se esconderam.
_ Quem ousa invadir os
meus domínios? , perguntou o monstro. Quem é você?
_ Eu sou uma Libélula, senhor monstro... só
queria conversar.
_ Ora!!!!Ora!!! Você não
está com medo de minha feiura?
_ Não senhor... eu não
lhe acho feio.
_ Como não!? Sou horrível
e mau... vou devorar você!
Olhando para o monstro
com uma doçura ainda maior, a Libélula foi se aproximando.
_ Eu não lhe acho
horrível, nem mau. E sou muito pequena para você encher a sua pança... nem devo
ter gosto! Você é só mais uma criatura... igual a mim.
_ Não!!!! Pequena
criatura, eu sou mau, horrível, monstruoso, terrível e todos me temem. Você não
tem medo de mim?
_ Não! Não tenho... não
acho que você seja um monstro, só uma criatura como eu... e também acho que
você ainda não viu a sua beleza. Você vive sozinho, não tem amigos...
E, enquanto a Libélula
se aproximava, sem medo, olhando para o monstro e vendo apenas o que ela queria
ver: a beleza daquela criatura, algo acontecia.
O monstro estava
diminuindo de tamanho, diminuindo, diminuindo e até a sua feiura estava se
apagando.
Diminuiu tanto até
ficar do tamanho da Libélula. E já não era mais feio, nem mau. Estava
diferente.
Curioso com o que
acontecia, o ex-monstro perguntou:
_ O que aconteceu? Por
que você não teve medo de mim?
_ Eu não acreditei no que
os outros animais estavam vendo. Queria ver por mim mesma quem era você. E
então, vi sua tristeza e sua solidão. Não acreditei em sua feiura, nem em sua
maldade. Então, eu senti um amor muito grande por você... queria que fosse meu
amigo.
_ Libélula... você me
assusta, disse o ex-monstro.
E os dois riram muito,
juntos.”
As amiguinhas de Raquel também tomaram
suco gelado de maracujá. Todas sentadas ao redor da mesa ouviram o resumo do
resumo aumentado da explicação dada.
_ Foi minha mãe quem disse... e mãe
sabe das coisas de medo. Essa cidade não é “assombrosa”. Os fantasmas mudaram
daqui. Foram para uma cidade bem distante e levaram os “zulbis”, não... éh!...
os “zul...”, éh!...esses parentes dos fantasmas que comem comida velha, cremes
de cabelo e gostam de usar perfume. Eles não gostam de ficar em cidades onde os
pais das crianças trabalham.
Eles gostam só de... e, além disso, aqui tem
muitas “Libérulas”... vocês sabiam que as Libe... ”Li-bé-ru-las” (acho que o
nome é esse mesmo!!!) são mágicas? É... e elas...
A tarde foi uma tarde de “acalmamento”
inundada por vários copos de suco de maracujá.
Bem... pelo menos naquela noite, todas
as meninas dormiram em suas camas. Inclusive a Raquel.
Será?...
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